quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Primeiras reflexões sobre o ensino de Filosofia: A necessidade de resgatar o conceito clássico de Política.

* Por Pedro Ferreira Nunes

Como trabalhar o tema da política com a juventude que parece não ter o mínimo de interesse por essa questão? Como despertar o interesse dos jovens por tal temática, sobretudo num contexto em que a política parece não mais fazer sentido? Pelo menos no seu conceito clássico. Mas será que a juventude tem consciência do conceito clássico de Política? Ou estamos caminhando para o fim da política como aponta o filósofo Desidério Murcho?

“Chegamos então ao fim da política? Teremos então no futuro não o conhecido jogo político mas apenas gestores competentes, como em Singapura? Talvez...”(Murcho, 2010).Os últimos processos eleitorais pelo mundo parecem caminhar nesse sentido. O fato é que o discurso apolítico, apartidário e meritocrático tem cada vez mais ganho espaço, especialmente entre os jovens. O que torna maior o desafio dos que trabalham com o ensino de filosofia – e que tem a Política como um dos seus quatro grandes eixos.

Por que tem ocorrido esse desinteresse pela política? Seria por que nas palavras de Desidério Murcho (2010) um interesse intenso pela vida política só faz sentido para generalidade das pessoas quando o conforto da sua vida privada está em risco, ou quando têm a esperança de que uma mudança política terá resultados importantes para qualidade da sua vida privada?

Nesse contexto acredito que o principal desafio do ensino de filosofia a cerca da política passa, em primeiro lugar, pela desconstrução da visão que se tem da politica na sociedade contemporânea.E em segundo lugar, resgatar o seu conceito clássico. Para tanto é preciso partir dos seguintes problemas: O que é a política? E para que serve a política? Em seguida, partindo das respostas dadas a essas questões, o professor de Filosofia deverá aprofunda-las, trazendo o seu conceito clássico.

De acordo com Japiassú (2001) “Em sua concepção e na tradição clássica em geral, a política como ciência pertence ao domínio do conhecimento prático e é de natureza normativa, estabelecendo os critérios da justiça e do bom governo e examinando as condições sob as quais o homem pode atingir a felicidade (o bem-estar) na sociedade, em sua existência coletiva”.

Nessa linha é importante ressaltar a concepção aristotélica de política, na qual “o homem é um animal político que se define por sua vida na sociedade organizada politicamente” (Japiassú, 2001). Óbvio, sem deixar de abordar a concepção de Platão – que “enuncia as condições da cidade harmoniosa, governada pelo filósofo- rei, personalidade que governa com autoridade mas com abnegação de si, com os olhos fixos na idéia do bem”.

De acordo com Murcho (2010) “...os intelectuais, herdeiros de leituras e tradições bem definidas, encaram a vida publica aristotelicamente, como um valor em si, e a vida privada com uma vida de privação. Mas a generalidade da população sempre encarou a vida pública como um mero meio para ter uma vida privada melhor”. Diante disso podemos afirmar que para a generalidade da população a política só é interessante quando lhes é útil de alguma forma. Mas isso é politica ou politicagem?

Como vimos anteriormente a politica é tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos, ao governo da cidade e aos negócios públicos. E a politicagem? De acordo com Rodrigues (2015) trata-se “... da corrupção da finalidade politica, na medida em que administração dos negócios ou bens públicos não está mais voltada ao beneficio da coletividade e sim a satisfação de interesses particulares e pessoais dos gestores”.

No geral a concepção que se tem de política na contemporaneidade se aproxima mais do conceito de politicagem. E é justamente essa concepção distorcida que afasta a generalidade da população da política. Por que existe essa distorção? Por que a politicagem é rotineiramente mostrada como se fosse política? Não se trata de um erro ocasional, de uma confusão conceitual. Mas de um objetivo claro das elites dominantes que não tem nenhum interesse que a generalidade da população participe ativamente da vida política da cidade. Dai a importância do ensino de filosofia desconstruir essa visão em torno da política e resgatar a sua concepção clássica.

Aliás, penso que o ensino de filosofia deve se caracterizar, sobretudo, em um processo de desconstrução. Não só em relação à política, mas também em relação a diversas questões da contemporaneidade. Precisamos desconstruir a visão hegemônica que nos é imposta como pronta e acabada – um processo que não se dá de forma impositiva, mas sim dialógica.

*Bolsista do PIBID-Filosofia da Universidade Federal do Tocantins na Escola Estadual Frederico José Pedreira Neto.

Referências

JAPIASSÚ, Hilton; Marcondes, Danilo.Dicionário Básico de Filosofia. 3º Edição. Jorge Zahar Editor – Rio de Janeiro; 2001.

MURCHO, Desidério. O fim da Política. Disponível em: criticanarede.com. Acesso em: 30 de Agosto de 2017.

RODRIGUES, Epitácio. Política, Politicagem, Ciência Política e Filosofia Política. Disponível em: blogspot.com. Acesso em: 09 de Setembro de 2017.

MOÇÃO DE SOLIDARIEDADE À GREVE DE FOME DOS/AS TRABALHADORES/AS EM EDUCAÇÃO DE PALMAS/TO



A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, entidade representativa de mais de 4,5 milhões de profissionais que atuam nas escolas públicas do Brasil, manifesta solidariedade aos trabalhadores em educação da rede municipal de Palmas, em greve há 21 dias pelo cumprimento da data-base da categoria e de diversos dispositivos do Plano de Carreira, a exemplo do pagamento da progressão, da titularidade, além da realização de eleições diretas para as direções escolares.

Sem que nenhuma pauta – todas previstas em Lei Municipal – fosse atendida pelo Prefeito Carlos Amastha (PSB), um grupo de sete educadores da rede pública escolar iniciou greve de fome há 135 horas, sendo que quatro professores e uma professora tiveram que ser socorridos nas últimas horas em razão de debilidades físicas. Outros dois companheiros continuam o protesto em jejum permanente.

Ao mesmo tempo em que nos solidarizamos com os trabalhadores em educação de Palmas, em especial com os dois professores em greve de fome, reiteramos a denúncia de descumprimento da Lei local pelo Prefeito Carlos Amastha, que se nega a cumprir o Plano de Carreira da categoria, devendo também esse gestor ser responsabilizado por possíveis danos causados às vidas dos educadores em greve de fome.

A CNTE repudia as atitudes de ilegalidade e truculência do Prefeito de Palmas, que se opõe a qualquer negociação com os representantes da categoria reunidos no Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins – SINTET, e conclama a sociedade em geral para se manifestar contra o Prefeito Carlos Amastha. Requer, ainda, ações enérgicas das autoridades competentes (Ministério Público e Justiça Estadual do Tocantins) no sentido de cobrar o cumprimento da Lei local e de evitar uma tragédia em decorrência da greve de fome que já dura quase seis dias.

Brasília, 25 de setembro de 2017
Diretoria Executiva

Chapa 2: Uma Universidade, 7 Realidades. Vence ás Eleições do DCE-UFT.

As eleições ocorreram na ultima sexta-feira (22/09) nos setes campus da Universidade Federal do Tocantins. Tendo o seguinte resultado:

Chapa1: Amanhã há de ser outro dia (Oposição) - 532 votos.

Chapa 2: Uma Universidade 7 Realidades - 754 votos.

Chapa 3: Multiversidade - 109 votos.

Sendo portanto, declarada eleita, com a maioria dos votos, a Chapa 2: Uma Universidade 7 Realidades.

Disciplina Leitura Prod. Textos Cient. em Língua Estrangeira

Prezados (as) Alunos (as),
Informamos que a disciplina Leitura Prod. Textos Cient. em Língua Estrangeira será ofertada no formato Tutorial, a ser ministrada pela Profª Ana Carolina, sendo o 1º encontro presencial dia 07/10/17, às 9h, Bloco B, Sala 04.
Os interessados devem confirmar via e-email.
Atenciosamente
Ricardo Malveira
Coordenador de Teatro 

Eduardo Simões
Coordenador de Filosofia

Universidade Federal do Tocantins - UFT
Coordenação do Curso de Filosofia
Campus de Palmas - Bloco BALA II, sala 13
109 Norte, Av. NS 15, ALCNO 14
Palmas - TO
CEP 77.001-090
(63) 3232-8221
Email: filosofia@mail.uft.edu.br
teatro@mail.uft.edu.br

Comunicado

Aos Estudantes Matriculados na Disciplina de Leitura e Produção de Textos em Língua Estrangeira.
O Centro Acadêmico de Filosofia participou de uma reunião com os colegiados dos cursos de Filosofia e Teatro para tratar da oferta da disciplina de leitura e produção de textos em língua estrangeira.
Após longa discussão foi acordado que a disciplina será ofertada em caráter modular ou tutorial, sendo que até o dia 27 de setembro se definirá essa questão, bem como será apresentado o cronograma de aulas da disciplina e o professor responsável.
Já no próximo período (2017/02), a disciplina será ofertada regulamente, pelo professor Gustavo Ferreira (colegiado de Teatro).
Por fim, nos colocamos a disposição dos estudantes para maiores esclarecimentos. Bem como reafirmamos a nossa disposição em continuar lutando pelo interesse de todas e todos.
Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia - CAFIL/UFT.
Gestão Despertar é preciso!

Informe da 4º Reunião Extraordinária do Colegiado de Filosofia

Terça-feira (19/09) ocorreu a 4º reunião extraordinária do colegiado de filosofia. Tendo como pontos de pauta: 1- Formação da comissão para organização da 2° jornada filosófica ; 2- Possibilidade de oferta de disciplinas de verão; 3- Situação da disciplina de leitura e produção de textos científicos em língua estrangeira; 4- Fechamento do PPC; e 5- Afastamento para o pós-doutorado do professor Leon.
Em relação ao primeiro ponto de pauta. Os nomes que se dispuseram a compor a comissão de organização da 2° jornada filosófica, foram os professores: Leon, Miranda e Roberto Amaral.
Além dessa questão foi confirmado que os estudantes das disciplinas de Fundamentos de ética, filosofia contemporânea, do mestrado e do grupo de lógica apresentaram trabalhos. Sendo que ainda está em aberto se algum professor quiser aderir ao evento com sua respectiva turma.
Em relação a oferta de disciplinas de verão. Só serão ofertadas no próximo ano (junho/julho) até lá o CAFIL juntamente com a coordenação do curso fará um levantamento da demanda, para poder saber quais disciplinas ofertar. Diante disso os estudantes que se interessarem devem nos procurar para contribuir com esse levantamento, isto é, dizendo quais disciplinas gostariam que fossem ofertadas.
Já sobre a disciplina de leitura e produção de textos científicos em língua estrangeira. Foi encaminhado para o teatro o memorando com o posicionamento do colegiado de filosofia sobre o assunto. E o colegiado de teatro solicitou uma reunião de área para tratar a questão, que como é de interesse dos estudantes, o CAFIL foi convidado a comparecer. A reunião ocorrerá na quarta-feira (20/09). O informe da mesma será encaminhado posteriormente.
Outro ponto de pauta importante discutido na reunião foi a aprovação do novo PPC do curso. Várias propostas de alteração foram aprovadas, em especial a criação de pré- requisitos para cursar às disciplinas de tcc e estágio. Ao final foi montado a comissão responsável por escrever a nova redação, que será composta pelos professores: Roberto Amaral, Miranda, João Paulo e Cláudio Abreu.
Por fim, a reunião foi encerrada com a aprovação unânime do afastamento do professor Leon para o pós-doutorado, que ocorrerá entre abril de 2018 á março de 2019. A priori os professores Eduardo e Miranda assumiram às disciplinas ministrada pelo professor Leon durante o período de afastamento.

Centro Acadêmico de Filosofia - CAFIL/ UFT
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terça-feira, 19 de setembro de 2017

Visita Guiada a Mostra “Incerteza Viva” da 32ª Bienal de São Paulo – Itinerâncias no Tocantins.




O Centro Acadêmico de Filosofia em parceria com o Colegiado de Filosofia convida os interessados para uma visita guiada a mostra “Incerteza Viva” da 32ª Bienal de São Paulo – Itinerâncias no Tocantins. Que está acontecendo no Sesc de Palmas.

Será disponibilizado um ónibus com 37 vagas. Os interessados deveram procurar o CAFIL para incluir o nome na lista, isto até sábado (23/09).

A visita será no dia 26 de setembro (terça-feira) de 2017. E a saída do ónibus da UFT será às 19:30.

A 32ª Bienal de São Paulo, que tem como título Incerteza viva (Live Uncertainty), tem como objetivo a reflexão acerca das atuais condições da vida e as estratégias oferecidas pela arte contemporânea para acolher ou habitar incertezas.

Palmas- TO, 18 de Setembro de 2017.

Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia - CAFIL/UFT
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Pierre Levy e a construção de uma inteligência coletiva: É possível pensar um processo de ensino/aprendizagem com o objetivo de construir essa inteligência coletiva?


Pedro Ferreira Nunes
Estudante de Filosofia da UFT

É possível falar em construção de uma inteligência coletiva nos marcos de uma sociedade capitalista? É a essa tarefa que nos chama Pierre Levy na sua comunicação “Internet e desenvolvimento humano”. Enquanto futuros professores não têm como não olhar essa questão a partir do contexto educacional. Logo surge a seguinte questão: Como pensar o processo de ensino/aprendizagem com o objetivo de construir uma inteligência coletiva? É possível tal tarefa? É o que buscaremos refletir nesse breve artigo.

Quem é Pierre Levy?

Pierre Levy nasceu na Tunísia, mas se radicou na França, onde se gradou em História pela Universidade de Sorborne, em Paris. Depois se especializou em Sociologia com pesquisa na área de cibernética e da inteligência artificial. Migrou para o Canadá onde se tornou filósofo da informação. Autor de diversas obras, entre elas: A Máquina Universo – Criação, Cognição e Cultura Informática; A Árvore de Conhecimento; e As Tecnologias da Inteligência: O Futuro do Pensamento na Era da Informática. Pierre Levy tornou-se titular da cadeira de pesquisa em inteligência coletiva, da Universidade de Ottawa, Canadá. Também se tornou membro da Sociedade Real do Canadá (Academia Canadense de Ciências e Humanidades).

Internet e desenvolvimento humano

Em “internet e desenvolvimento humano” Levy chama atenção para a importância das novas tecnologias no desenvolvimento humano. Ele destaca o fato do que a internet tem propiciado novas reflexões a cerca da inteligência coletiva. O que não ocorre apenas no campo científico, mas também nos negócios e na politica. De acordo com Levy (2010) “há cada vez mais pessoas que se organizam por intermédio da internet visando à cooperação intelectual”. O que é positivo segundo ele, sobretudo pelo fato de que a internet é um instrumento que potencializa as relações sociais, logo o desenvolvimento humano. Dai a necessidade de se garantir o acesso democrático a esse meio, o que ainda não ocorre, porém é preciso compreender que se trata de um processo histórico. Pierre Levy destaca a importância das novas tecnologias no processo de construção da inteligência, aliás, ele salienta que as novas técnicas propiciam a transformação da inteligência. A respeito da inteligência coletiva o autor ressalta:
A inteligência coletiva não é um tema puramente cognitivo. Só pode existir desenvolvimento da inteligência coletiva se houver o que eu chamo de cooperação competitiva ou competição cooperativa... é por que existe essa possibilidade de competição que existe a cooperação. (Levy, 2005)

Podemos afirmar, portanto, que para o autor não é possível o desenvolvimento de uma inteligência coletiva num contexto que não aja competição e cooperação. O que soa um tanto contraditório. Mas o fato é que para Levy, elas não estão em campos opostos. Competição e cooperação necessitam uma da outra para o desenvolvimento dessa inteligência coletiva. 
 
Já outro ponto importante que Pierre Levy aponta no caminho para construção de uma inteligência coletiva é a cerca das três etapas da evolução. Isso mesmo, para Levy existe ciclos de evolução. E a internet tem propiciado um novo ciclo. Mas todo esse processo de evolução não seria possível se não fossemos seres possuidores de linguagem, características que nos diferencia dos outros animais. De acordo com Levy (2005) “é porque vivemos no universo da linguagem, que conseguimos formar uma inteligência coletiva de um tipo mais poderoso do que aquela das espécies animais, que somos o que somos”.

Pierre Levy também fala sobre o “triangulo da significação”. Aonde ele dá ênfase à questão da ideia e do signo. Seguindo essa linha ele falará sobre a “Ecologia das ideias” onde ele apontará os pólos da significação que propiciam a construção da inteligência coletiva, em seguida ele apresenta o conceito de “Economia de reprodução”, que segundo ele é o que propicia o desenvolvimento das ideias. Por fim falará do “Capital de inteligência coletiva”. Nessa linha é importante ressaltar o que ele diz:

Além das ideias que são produzidas pela população existe também as competências que dizem respeito a essas ideias que a população produz, o ecossistema que ela nutre. Esses dois aspectos, as ideias originais e as competências reais e vivas forma o capital intelectual, que é alimentado pelo capital social, pelo cultural e pelo técnico que, por sua vez são alimentados por ele. (Levy, 2005)

Pierre Levy conclui afirmando a necessidade de se lutar por uma ciência da inteligência coletiva. Para ele tal empreitada não se trata de uma utopia e nem é algo que se dará através de uma revolução – através de uma ruptura violenta. Mas ao contrário, é algo que se dará de forma gradual, através de uma transformação gradual da consciência e, por conseguinte da sociedade. Ele chama atenção para o fato de que o exemplo é um fator primordial nesse processo, logo cada um deve fazer sua parte no caminho da transformação e construção da inteligência coletiva.

Como pensar o processo de ensino/aprendizagem com o objetivo de construir uma inteligência coletiva? É possível tal tarefa?

Não há como negar que ás novas tecnologias tem permitido enormes avanços em diversos campos da sociedade – transformações que em outros tempos eram impensáveis. Diante dessa realidade são necessárias novas reflexões a cerca desse contexto que se abre. Sobretudo pelo fato que tais mudanças impactam tanto a vida social, cultural, como econômica da sociedade. No entanto é preciso tomar cuidado para que não caiamos em extremismos, achar que esse é o caminho para resolver todas as contradições existentes na sociedade, especialmente no campo educacional. 
 
Pierre Levy chama atenção para o fato de que a utilização da internet tem possibilitado o desenvolvimento da cooperação intelectual. Bem como para o fato que todo esse ganho tem se expandido para além da esfera cientifica, possibilitando por tanto o desenvolvimento humano. Não por coincidência é justamente esse o titulo da sua comunicação – Internet e desenvolvimento humano, que em síntese, resume muito bem a tese que ele defende, isto é, que a utilização da internet, óbvio numa perspectiva coletiva, possibilita o desenvolvimento humano. 
 
É inegável o potencial da internet, no entanto será possível tal empreitada numa sociedade que parece caminhar cada vez mais para uma cultura da individualização? É um ponto a se refletir. A priori não tenho o mesmo otimismo que o autor transmite na sua fala. Sobretudo por que nos marcos da sociedade capitalista a internet terá sempre como ultimo fim, ainda que exista exceções, o lucro de alguns poucos. Outro ponto importante a se destacar é a concepção de evolução do autor. A esse respeito cabe a seguinte questão: Será se de fato estamos evoluindo ou utilizando novas ferramentas para reforçar velhas práticas? Diante dessa questão não tem como não pensar no “Estado Islâmico” e no avanço do fascismo.

Trazendo para o âmbito educacional: Se a internet permite o desenvolvimento humano tal como defende Levy, obviamente ela também permite o desenvolvimento educacional. Sendo assim não podemos abrir mão dessa ferramenta no processo de ensino/aprendizagem. Mas como fazer o uso dessa ferramenta numa perspectiva de construção de uma inteligência coletiva? Pierry Levy acredita num processo de transformação gradual dentro do sistema. 
 
A esse respeito também sou um tanto pessimista. Não acredito na construção de uma inteligência coletiva nos marcos do sistema capitalista, pelo menos não aos moldes que defende Levy. Ora, tal fato não ocorrerá numa sociedade que funciona na lógica de apropriação privada do conhecimento. E mesmo com todo o avanço que a internet e, por conseguinte as novas tecnologias tem nos propiciado isso não tem se alterado. Pelo contrário, o que vemos em evidencia é o que bem aponta Vasquez (1984):
O culto ao dinheiro e a tendência a acumu lar maiores lucros constituem o terreno propício para que nas relações entre os indivíduos floresçam o espírito de posse, o egoísmo, a hipocrisia, o cinismo e o individualismo exacerbado. Cada um confia em suas próprias forças, desconfia dos demais, e busca seu próprio bem-estar, ainda que tenha de passar por cima do bem-estar dos outros. A sociedade se converte assim num campo de batalha no qual se trava uma guerra de todos contra todos. 
 
Concluimos, portanto afirmando que não dá para descartar o uso das novas tecnologias no processo de ensino/aprendizagem. Mas é preciso tomar cuidado para não cairmos numa armadilha e nos tornarmos reféns de uma lógica mercadologica que tem se aprofundado na educação. Se é fato que as novas tecnologias torna o conhecimento mais acessivel e o ensino mais flexivel e, por conseguinte, mais compartilhavel, o torna também mais descartavel. Bem como o professor acaba sendo substituivel ou tendo o seu trabalho precarizado. Logo a democratização do ensino e a construção de uma inteligencia coletiva ficam apenas no discurso, já que na prática se caminha no sentido contrário.

Referências Bibliográficas

Levy, Pierre. Internet e Desenvolvimento Humano. Cad. Psicopedag. V.5 n. 9 São Paulo: 2005.

Santana, Ana Lucia. Pierre Levy. Disponível em: infoescola.com. Acesso em: 17 de Setembro de 2017.

Vásquez, Adolfo Sánchez. Ética. - 4º ed. Barcelona: Editorial critica, 1984.

* Trabalho apresentado à disciplina de Educação e Tecnologias Contemporâneas. Do curso de Filosofia, 5º Período, da Universidade Federal do Tocantins. Prof. Mateus Shimith.

Informe da 8º Reunião Ordinária do Colegiado de Filosofia

Ocorreu na quarta-feira (13/09) a 8º reunião ordinária do colegiado de filosofia do ano de 2017. Tendo como principais ponto de pauta: A discussão sobre o ENADE; A discussão sobre Jubilamento; A discussão sobre o novo PPC; E A situação da disciplina de leitura e produção de textos científicos em língua estrangeira.

A reunião teve início com os informes. Com destaque para o retorno da professora Elisângela (que estava de licença para o doutorado) a partir de outubro.

Em seguida discutiu-se e aprovou por unanimidade a ata da reunião anterior.

O terceiro ponto de pauta foi sobre o ENADE. Discutiu-se a necessidade de se fazer uma conscientização dos estudantes do curso que farão o mesmo, pois a falta de comprometimento pode não só prejudicar a sobrevivência do curso como também os próprios estudantes na sua vida profissional. Nessa linha foi apresentado o resultado da nossa última participação no Enade e percebeu-se que podemos obter um resultado melhor.

O quarto ponto discutido na reunião foi sobre o Jubilamento. Há cerca de 17 estudantes nessa condição. E a atual política da UFT é fazer o que exige a legislação, isto é, desligar da universidade estes estudantes. No entanto o colegiado de filosofia se posicionou de forma unânime para que antes de haver o desligamento, que lhes seja dado uma chance para concluírem às disciplinas que lhes restam. Nessa linha a coordenação do curso irá contactar estes estudantes para discutir um plano que lhes possibilite concluir o curso.

Em seguida foi apresentado a nova proposta do PPC de filosofia e abriu-se então para discussão. Houveram muitas ponderações, entre elas a necessidade de se garantir mais disciplinas optativas. No entanto não houve um consenso, daí decidiu-se de forma unânime não fechar a discussão e por conseguinte colocar a proposta apresentada em votação. A ideia é fazer uma síntese das novas contribuições que surgiram e outras que surgirão para enfim colocar em votação para ser ou não aprovado.

Já sobre a disciplina de leitura e produção de textos científicos em língua estrangeira (ponto de pauta solicitado pelo CAFIL). Como a disciplina é agora de responsabilidade do curso de teatro. O colegiado de filosofia aprovou um ultimato para que o colegiado de teatro resolva a situação até 27 de setembro. Se não fizerem, o colegiado de filosofia irá atrás das penalidades cabíveis ao colegiado de teatro, bem como irá garantir uma alternativa para que os estudantes façam a disciplina e não sejam prejudicados.

O colegiado também discutiu e deliberou por unanimidade o afastamento do professor João Paulo (de março de 2018 a fevereiro de 2019) para o pós-doutorado. O projeto de pesquisa "estrutura das ciências-empiricas" do professor Cláudio Abreu. A disciplina optativa "epistemologia e hermenêutica ", também proposta pelo professor Cláudio Abreu. E a visita guiada à exposição "incerteza viva", proposta e organizada pelo professor Leon.

Ainda sobre a visita, a mesma ocorrerá no dia 26 de setembro, e será disponibilizado um ónibus com 37 vagas. Os interessados deveram procurar o CAFIL. A saída da UFT será às 19:30.

Por fim, pelo avançar da hora decidiu-se que os pontos de pauta sobre eventos acadêmicos e a oferta de disciplinas de verão serão discutido na próxima reunião.

O adiamento do ponto de pauta sobre a oferta de disciplinas de verão acabou sendo positivo já que possibilita ao CAFIL fazer um levantamento concreto da demanda por essas disciplinas.

Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia - CAFIL/UFT
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segunda-feira, 11 de setembro de 2017

CONVOCATÓRIA:

8ª REUNIÃO ORDINÁRIA DO COLEGIADO DE FILOSOFIA. Dia 13/09/17 (quarta-feira), 08:00, Sala 104J.

1- Informes
2- Discussão e aprovação de Ata
3- ENADE 2017 (Profa. Mariela – CSA)
4- Situações de Jubilamento (discussões preliminares)
5- Discussão e aprovação da Matriz Curricular do novo PPC
6- Disciplina Leitura e Produção de Textos Científicos em Língua Estrangeira
7- Eventos Acadêmicos (encaminhamentos e comissões)
8- Projeto de Pesquisa (Prof. Cláudio Abreu)
9- Proposta de Disciplina Optativa (Prof. Cláudio Abreu)


Atenciosamente,

Eduardo Simões
Coordenador do Curso de Filosofia


Universidade Federal do Tocantins - UFT
Coordenação do Curso de Filosofia 
Campus de Palmas - Bloco BALA II, sala 13
109 Norte, Av. NS 15, ALCNO 14
Palmas - TO
CEP 77.001-090
(63) 3232-8221

Professor Uber: a precarização do trabalho invade as salas de aula

Por Ana Luiza Basilio 
A degradação das relações trabalhistas ameaça a carreira docente. Na rede pública de três estados, os temporários já são maioria

Arte - Professor Uber
Para burlar a legislação trabalhista, sobra inventividade
Sob o comando do tucano Duarte Nogueira, a prefeitura de Ribeirão Preto, no interior paulista, apresentou em julho um projeto para contratar aulas avulsas de professores por meio de um aplicativo de celular, com o objetivo de suprir as ausências de docentes da rede municipal.
No “Uber da Educação”, como a proposta foi apelidada, o profissional não teria vínculo empregatício. Após receber a chamada, ele teria 30 minutos para responder se aceita a tarefa e uma hora para chegar à escola.
Com cerca de 5 mil habitantes, a cidade catarinense de Angelina, na Grande Florianópolis, também inovou, com a criação de uma espécie de leilão reverso para a contratação de professores. Em abril, a prefeitura publicou o Pregão nº 018/2017, baseado em uma licitação de “menor preço global”.
O edital partia de um pagamento máximo de 1.200 reais para uma jornada de 20 horas semanais, mas atrelava sua definição a um leilão que deveria ser feito com o envio de propostas salariais a menores custos. O processo só não foi adiante porque foi interpelado pelo Ministério Público de Contas do Estado.
Leia Mais:

Há tempos os professores da educação básica convivem com a precarização das relações de trabalho, um problema que deve aprofundar-se com a nova Lei de Terceirização e a reforma trabalhista sancionada por Temer. Diante do cenário, não chega a surpreender a iniciativa do Grupo Anhanguera, de buscar atrair novos estudantes para cursos de formação pedagógica com a promessa de uma fonte complementar de rendimentos.
“Torne-se professor e aumente a sua renda”, dizia a peça publicitária, com Luciano Huck de garoto-propaganda. Após a repercussão negativa da campanha nas redes sociais, a instituição de ensino superior pediu desculpas pela “mensagem equivocada sobre a função e importância do professor”.
A precariedade cobra um elevado preço dos profissionais. Em 34 anos de carreira, esta é a primeira vez que Maria Fátima Maia da Silva, 50 anos, se vê longe das salas de aula. Por recomendação médica, ela está afastada há dois meses em consequência de estresse acumulado ao lecionar em sete escolas do Paraná.
A peregrinação pelas unidades da rede estadual começou em fevereiro, quando o governo de Beto Richa (PSDB) reduziu as horas-atividade dos docentes, passando de 7 para 5, em uma carga horária de 20 horas/aulas semanais.
Até a decisão, Maia da Silva trabalhava em uma única escola de Curitiba, com uma jornada de 40 horas semanais, 20 horas dedicadas a aulas de Biologia e o tempo restante para ministrar a disciplina de Ciências. Após a medida, a professora teve as horas de trabalho reduzidas para 13 e viu-se forçada a procurar por outras instituições para compor o tempo de cada matéria.
“Na parte da manhã, passei a trabalhar em duas escolas. Para cumprir as 20 horas restantes, peguei mais cinco escolas para lecionar à noite, cumprindo por dia da semana uma carga de quatro horas em cada uma delas”, conta a professora.
Além da jornada exaustiva em diferentes salas de aula, pesava o tempo de deslocamento até cada um dos endereços. Entre idas e vindas, a professora chegava a passar quatro horas no transporte público. A rotina foi interrompida em junho, quando a estafa a afastou do trabalho.
Documento
No pregão da prefeitura de Angelina (SC), quem está disposto a ganhar menos é contratado
Na avaliação da vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marlei Fernandes de Carvalho, o caso desrespeita a Lei Federal nº 11.738/2008, que instituiu o piso salarial dos profissionais do magistério público da educação básica. Os professores deveriam ter assegurados dois terços da carga horária para a interação com os estudantes.
“O terço restante é reservado para o planejamento”, explica Carvalho. “Com a redução das horas, descarta-se esse tempo de trabalho fora da sala de aula, o que deve fazer com que muitos professores sacrifiquem o seu tempo livre, de descanso, para cumprir todas as demandas da escola.”
Presidente da CNTE, Heleno Araújo também se preocupa com os impactos da Emenda Constitucional 95, que congela os gastos públicos por 20 anos. “Com menos recursos para a educação, temos prejudicadas as metas 15 a 18 do Plano Nacional de Educação, que preveem a valorização docente.”
Hoje, muitos professores atuam como temporários na rede pública, ou seja, não fazem parte do quadro efetivo. Em Mato Grosso, por exemplo, 60% dos docentes estão contratados nesse regime, mas são igualmente expressivos os porcentuais em Santa Catarina (57%), Mato Grosso do Sul (50%), Minas Gerais (48%), Pernambuco (44%) e São Paulo (34%).
“Pela Constituição, o ingresso no serviço público deve ser feito exclusivamente por meio de concurso”, observa Araújo. Como os temporários não podem criar vínculo com as redes de ensino, esses profissionais precisam alternar tempo de aula com tempo de afastamento.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, os professores temporários eram obrigados a cumprir uma quarentena para voltar a lecionar na rede paulista.
“Na greve de 2015, conseguimos assegurar a contratação de quatro anos sem quebra de contrato”, lembra. Benefícios como o quinquênio ou a sexta parte, gratificações por tempo de trabalho, só foram adquiridos para a categoria há três anos.
No contexto de liberação das terceirizações, teme-se que os concursos públicos deixem de ser realizados. Os professores efetivos dariam lugar a prestadores de serviços. Outra ameaça é a entrega da administração das escolas para organizações sociais.
A ação não seria novidade. No ano passado, o estado de Goiás publicou um edital chamando entidades a assumirem a gestão escolar. Contrários à proposta, estudantes ocuparam 28 escolas estaduais. O edital foi suspenso pela Justiça goiana.
Resposta da prefeitura de Ribeirão Preto
Em nota enviada à CartaCapital, a prefeitura de Ribeirão Preto afirma que "não existe projeto 'Uber da Educação' em andamento no município".
"A proposta que se encontra em fase de elaboração denomina-se “Professor Substituto” e visa a solucionar a grave situação de ausências de professores em sala de aula, motivadas por faltas ou licença saúde, em período inferior a 30 dias. As faltas acima de 30 dias são resolvidas com nova atribuição de aulas a outro professor.
A proposta é que o professor substituto seja aprovado por processo seletivo e receba atribuição de aulas por conjunto de escolas, formado por duas ou três unidades. O contato com o profissional para chamá-lo até a unidade escolar poderá ocorrer com a utilização de tecnologias hoje disponíveis, o que agregará agilidade ao processo.

Quanto à relação empregatícia, o projeto é objeto de análise por parte da Secretaria Municipal de Negócios Jurídicos. Portanto, não há nenhuma solução definitiva a respeito do assunto."